Sadia perde R$2,5 bilhões em 2008

>> 27 março 2009


Fonte: Reuters 
A Sadia, uma das maiores empresas do setor de carnes do Brasil, informou nesta sexta-feira prejuízo de 2,5 bilhões de reais em 2008 e perdas trimestrais recordes de 2,04 bilhões de reais no último período do ano passado.

Um resultado, afetado por perdas com derivativos cambiais em meio à forte desvalorização do real, ficou bem aquém dos vistos no ano anterior: em 2007, pelas novas normas para divulgação de resultados do país, a Sadia teve lucro de 768,3 milhões de reais e ganhos de 374,4 milhões de reais no quarto trimestre.

Pelas normas antigas, a comparação seria a seguinte: lucros de 689 milhões de reais em 2007 e de 295 milhões de reais no quatro trimestre do mesmo ano.

Se a empresa não tivesse de antecipar em seu resultado de 2008 perdas que deverá registrar ao longo de 2009 (como manda a nova legislação), o prejuízo seria de 468 milhões de reais, o equivalente a um quinto do apresentado.

"Tivemos o primeiro prejuízo (anual) em 64 anos de história da companhia. A despeito de um ano muito bom em termos operacionais, registramos prejuízo contábil", afirmou diretor-presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, em teleconferência com jornalistas.

A receita líquida da empresa subiu 23,2 por cento em 2008, para 10,7 bilhões de reais, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu 1,2 bilhão no ano passado, leve queda de 0,7 por cento em relação ao ano anterior.

Apesar do resultado operacional relativamente satisfatório, o diretor de Relações com Investidores da Sadia, Welson Teixeira Junior, disse que a empresa fechou o ano com despesas financeiras líquidas de 3,892 bilhões de reais.
Desse total, 2,550 bilhões de reais foram despesas somente com derivativos, esclareceu o diretor.
Segundo ele, 1,845 bilhão de reais das despesas com derivativos foi "só antecipação das perdas futuras puxadas para este ano para atender a legislação".

O diretor acrescentou ainda que a diferença entre os 3,892 bilhões de reais e os 2,550 bilhões de reais dos derivativos é despesa com variações cambiais, juros e serviços de dívida em geral.

DERIVATIVOS NEUTRALIZADOS
De acordo com Tomazoni, "todas as margens dos derivativos estão depositadas e a negociação agora é para antecipar o pagamento e obter algum desconto, alguma vantagem na execução da operação".

"Mesmo porque os derivativos estão totalmente neutralizados ao longo de seu vencimento, o que permite à companhia ter uma segurança... Não vamos ter mais variação quanto a perdas ou ganhos a respeito dos derivativos, é uma coisa resolvida no nosso balanço", ressaltou Tomazoni.

A dívida bruta de curto prazo, disse Teixeira Junior, é de 4,164 bilhões de reais, mas com ativos de 3,5 bilhões, ressaltou ele, a empresa fica com uma posição de dívida líquida de 655 milhões no curto prazo.

Apesar das dificuldades financeiras, "a empresa não corre nenhum um risco de insolvência, nós renovamos todos os nossos empréstimos no trimestre", destacou Tomazoni, que avaliou que a empresa poderá ainda investir 600 milhões de reais em 2009 em projetos em andamento.

Esses investimentos, acrescentou o diretor-presidente, poderão ser feitos com a venda de ativos que não são operacionais e de alguns ativos operacionais, como terras reflorestadas e centros de distribuição e algumas fábricas de rações.

"A operação na Rússia tem gente interessada, e a unidade (de bovinos de Várzea Grande-MT) deixou de ser prioridade e poderia também ser parte de negociação", disse Tomazoni.

PERDIGÃO
Ao ser questionado sobre um projeto de associação ou de venda de participação da empresa, como parte do processo de recuperação, Tomazoni afirmou: "Não, não tem nada descartado".

Ele, no entanto, não quis comentar nada além do que já foi divulgado sobre as conversações com a Perdigão. A empresa já anunciou que manteve negociação com a sua rival.

Segundo o diretor de Relações com Investidores, para 2009 a empresa terá de "carregar um pouco o peso" de sua dívida, mas não há mais perdas de derivativos, lançadas no ano de 2008.

"Neste ano, tem tendência de desempenho operacional bom, as demandas não estão nos atrapalhando, estamos vendo o mercado interno repassando preços e o externo tendo retomado", disse Teixeira Júnior.

"Começamos a perceber sinais da retomada de preços e de volumes dos mercados. Não são muito fortes, mas são um indicativo", acrescentou Tomazoni, comentando que o setor ainda sente os efeitos da crise econômica.




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