Os maiores fraudadores do sistema financeiro global

>> 08 janeiro 2009


A megafraude Madoff

A firma de Madoff possuía diversos hedge funds como clientes, controlava cerca de US$ 17,1 bilhões em ativos. Longe das operações prometidas, a Madoff Securities nada mais era que um
esquema Ponzi gigante. A rentabilidade prometida era paga aos investidores com o dinheiro obtido com o ingresso de novos clientes.

Suspeitando das movimentações, o FBI enviou agentes ao apartamento do ex-presidente da Nasdaq em Nova York. Ao se deparar com o investidor de 70 anos, os agentes pediram uma explicação inocente. "Meu negócio é uma grande mentira", foi a resposta.

Após quase um mês de noticiário destacando diariamente o nome de uma ou mais vítimas do esquema, Madoff volta às manchetes neste início de semana. Após enviar relógios, jóias e outros bens de valor a familiares, as autoridades da Flórida voltaram a pedir a prisão do investidor, mesmo com as investigações ainda não concluídas. Caso se confirmem as projeções de US$ 50 bilhões envolvidos no esquema, o caso Madoff Securities é a segunda maior fraude da história corporativa norte-americana, atrás somente da Enron.


Charles Ponzi

O italiano Charles Ponzi deu nome ao esquema utilizado por Bernand Madoff. Durante a primeira guerra mundial, ao emigrar da Itália para os Estados Unidos, percebeu uma falha no sistema postal. Os cupons-resposta internacionais permitiam o envio de correspondência de um país a outro. Diferentemente dos selos utilizados internamente, estes cupons eram adquiridos em um país e poderiam ser trocados em outro, convertidos em selos.

Em meio à inflação gerada pela primeira guerra, a idéia de Ponzi era adquirir os cupons-resposta na Itália por valor mais barato, enviá-los aos Estados Unidos e trocá-los por selos locais de maior valor. A brecha neste sistema chegou a gerar 400% de retorno líquido a Ponzi, que fez fortuna e se tornou um dos cidadãos mais influentes da sociedade de Boston.

Ponzi passou a oferecer lucros de 50% em quinze dias para investidores, captando mais dinheiro para as compras dos cupons e utilizando as próprias captações para bancar as promessas de retorno. Após ser pego nos Estados Unidos, foi deportado para a Itália. Passou seus últimos dias no Rio de Janeiro, à beira da miséria. Faleceu em um hospital carioca para indigentes, em 1949.



O escândalo Enron

Mesmo relacionando cerca de US$ 50 bilhões, Madoff ainda fica longe do escândalo Enron. Gigante norte-americana do setor de energia, a companhia chegou a ser uma das líderes mundiais em distribuição e empregar mais de 20 mil funcionários. Em parceria com empresas e bancos, a companhia manipulava seus balanços, inflava resultados e escondia débitos bilionários.

A Enron divulgava lucros artificiais e contratos inexistentes. Após dezenas de investigações do governo norte-americano, foram indiciados executivos, bancos, contadores, escritórios de advocacia responsáveis pela fraude que levou a companhia à concordata no final de 2001. O grupo Arthur Andersen, que fazia sua auditoria, foi junto para o buraco. Os débitos encobertos pela Enron chegavam a US$ 25 bilhões; a empresa possuía uma base de ativos próxima de US$ 64 bilhões. A fórmula da fraude da Enron é a mesma de episódios com a Parmalat e a WorldCom/MCI.



Um império de palitos de fósforo

Na mesma linha da Enron se situa Ivar Kreuger, sueco famoso como inventor do palito de fósforo. Kreuger construiu um verdadeiro império dos fósforos, negociando monopólio da produção com governantes europeus e do continente americano na década de 1930. Chegou a controlar dois terços da produção mundial de fósforos após a primeira guerra mundial, emprestando elevados montantes para a reconstrução européia no pós-guerra.

Kreuger se suicidou em 1932, recebendo uma homenagem de destaque na revista The Economist (ao lado, seu rosto na capa da Time), que se referiu ao "rei dos fósforos" como um ícone de carreira insuperável.

Três semanas depois, a própria Economist publicara uma matéria divulgando suas fraudes, que envolviam esquemas com gestores de fundos, negociações de ativos de minas imaginárias no Canadá e Boiler-room operators (operadores que pressionavam investidores a negócios não rentáveis).

Nas palavras de famoso economista John Kenneth Galbraith, "foi o Leonardo Da Vinci da trapaça".



US$ 2,5 trilhões em Treasuries?

Nas palavras da edição Londrina da revista Times, "teria sido o maior fraudador da história, se não tivesse sido pego". O estrategista da Scotland Yard Graham Halksworth tentou autenticar nada mais que US$ 2,5 trilhões em títulos do Tesouro norte-americano. Alegava que estas notas haviam sido emitidas na década de 1930 pelo governo norte-americano para minar a revolução comunista na China. Foi preso em 2003.



A história de Naji Nahas

O episódio mais famoso do mercado acionário brasileiro envolve o libanês naturalizado brasileiro Naji Nahas, acusado da quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em 1989. Com um império que incluía empresas, fazendas e seguradoras, o investidor fez fama no mercado por suas operações arrojadas. Sozinho, chegou a controlar 6% das ações da Petrobras e 10% dos papéis da Vale em circulação.

As acusações apontavam que Nahas emprestava dinheiro de instituições financeiras para aplicar em ações, manipulando a valorização dos ativos realizando negócios consigo mesmo via laranjas ou corretores. Foi inocentado em 2004. Alega que a quebradeira ocorreu pela mudança nas regras de negociações, acusando posteriormente o ex-presidente da Bovespa Eduardo Rocha Azevedo de planejar sua queda. Nahas afirma que Rocha fazia parte de um grupo de investidores que apostavam na retração do Ibovespa, enquanto ele apostava na alta.

Nahas voltou aos noticiários com a operação Satiagraha, em julho do ano passado. Chegou a ser preso sob acusação de participar de um esquema de desvio de verbas públicas e crimes financeiros. Entre os presos na operação estavam o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.



A história das grandes fraudes é construída por brechas nos mercados, que acabam proporcionando a correção de falhas; pela via mais dolorosa, o mercado acaba aprendendo com o erro de seus participantes. As mais recentes escancaram a necessidade de maior regulação nas operações financeiras, como no caso Madoff. Resta saber qual a próxima lacuna; ou o próximo personagem da lista.
Fonte: Infomoney



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