Retomada da Vale pode engrenar quando o mercado começar a olhar para frente

>> 22 agosto 2008


SÃO PAULO - Parece que o mercado espera ansioso para dar início à recuperação dos papéis da Vale (VALE5, VALE3). A solidez dos fundamentos é consenso entre os analistas, o que não condiz com tamanho período negativo enfrentado pelas ações. O comportamento dos papéis nas últimas sessões pode ser evidência desta afirmação.

Algumas questões ainda geram incerteza e pesam sobre o rendimento das ações, como perspectivas de desaceleração global e recuo dos metais básicos. Chama atenção comentário da Merrill Lynch desta quinta-feira (21): é difícil afirmar se os papéis da mineradora já atingiram o fundo do poço, mas os atuais patamares de preço e o potencial de valorização sobrepujam os riscos.

Enfático, o banco de investimentos considera os ativos da Vale como o melhor caminho para se beneficiar do bom momento do mercado de minério de ferro. E é daí mesmo que o otimismo é alimentado.

Ação não reflete próximo reajuste
Tomando por base o modelo de projeções da instituição, no atual patamar de preços a ação da Vale reflete um recuo de 10% no preço do minério de ferro em 2009, margem que parece muito longe da realidade.

Para se ter uma idéia, a previsão da Merrill Lynch é de valorização de 20% da matéria-prima no próximo ano, uma das mais conservadoras até o momento. A equipe de análise do Citigroup, por exemplo, aposta em alta de 30% do minério na próxima rodada de negociação com as siderúrgicas. A conclusão é que o atual valor da ação está muito distante de incorporar tais perspectivas.

O níquel também não parece problema. Depois de longo período de ajuste, o metal vem de duas sessões consecutivas de forte valorização. Notícias de redução na produção por parte de grandes participantes deste mercado, como a Xstrata, podem sugerir que esta recente inversão de tendência pode prevalecer.

Mercado deve olhar para frente
O ajuste ao preço da oferta de ações foi doloroso às ações da mineradora. Mas passado o evento, o que fica é a utilização do valor captado para crescimento orgânico e via aquisições de médio e grande porte. Mais um ponto que pode ajudar as ações no curto prazo.

A questão é, nas palavras da Merrill Lynch, que o mercado precisa esquecer a oferta de ações e "começar a olhar para frente". O potencial das ações parece mesmo consenso, mas as projeções dos analistas nem de longe estão precificadas sobre o atual preço do ativo. Entre tamanho otimismo, é redundante mencionar que a instituição vê a Vale como sua top pick do setor para a América Latina.
InfoMoney
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