Os projetos da CSN agradam aos investidores, mas a empresa precisa mostrar agora que vai cumprir seus planos

>> 09 agosto 2008


A Companhia Siderúrgica Nacional(CSN) está tocando alguns planos grandiosos para ampliar sua produção. Até 2011, por exemplo, deve terminar a construção de duas novas fábricas de aço, uma em Itaguaí, no Rio de Janeiro, e outra em Congonhas, em Minas Gerais. Quando essas unidades ficarem prontas, a capacidade atual da empresa será ampliada em 160%. Outro empreendimento consiste no projeto de expansão da mina Casa de Pedra, em Congonhas, um dos ativos de mineração mais valiosos do mundo. Com término previsto para 2013, o plano deve expandir a produção de minério de ferro de 16 milhões de toneladas para 70 milhões de toneladas por ano. “São projetos que ainda estão distantes. Mesmo assim, o mercado está acreditando na capacidade da CSN de realizá-los”, diz Rodrigo Ferraz, analista de siderurgia da corretora Brascan.

A confiança nos planos da CSN pode ser atestada pela valorização das ações da empresa na Bovespa. Em 2007, seus papéis subiram 157%, a segunda maior alta na bolsa (atrás apenas da mineradora MMX, do empresário Eike Batista, cujas ações valorizaram 309% no ano). Entre os fatores que explicam todo esse crédito dos investidores estão os números de desempenho da companhia e o cenário favorável a seus negócios. Em 2007, a CSN faturou 6,6 bilhões de dólares, um crescimento de 22% em relação ao ano anterior, e lucrou quase 1,7 bilhão de dólares. Sua rentabilidade foi de 28%. O conjunto de indicadores positivos a credenciou ao posto de empresa do ano no setor de siderurgia e metalurgia.

No primeiro semestre de 2008, as ações da CSN continuaram evoluindo num ritmo forte — até 20 de junho, a valorização acumulada havia sido de 33%. Para os analistas, a alta pode ser creditada, em boa parte, ao aumento da demanda por minério de ferro em todo o mundo. A CSN tem algumas peculiaridades que a fazem tirar mais proveito desse bom momento. “A empresa se beneficia por ter um processo integrado de mineração, logística e produção de aço. Ela não é apenas uma siderúrgica, é também uma mineradora”, afirma Cristiane Viana, analista da corretora Ágora. O dono e presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, aponta outra vantagem. “Somos a única siderúrgica que tem capacidade ociosa para produzir aço de alto valor agregado, utilizado na indústria automotiva”, diz. No ano passado, o setor representou 15% do faturamento da siderúrgica. As montadoras prevêem bater em 2008 um novo recorde de vendas de veículos — quanto mais carros forem vendidos no Brasil, portanto, mais as siderúrgicas, no geral, e a CSN, em particular, lucrarão.

Os investidores acompanham atentamente os passos da empresa de Steinbruch. Uma das principais expectativas está na venda de parte da Casa de Pedra por meio da abertura de capital, negócio que estava prometido para setembro do ano passado. A prorrogação do IPO para este ano gerou especulações. Segundo analistas, a causa teria sido a disputa na Justiça envolvendo a concorrente Vale — a CSN lutava para desfazer um acordo com a mineradora, que a obrigava a vender à concorrente o minério excedente da Casa de Pedra. Em janeiro, o Supremo Tribunal Federal decidiu a favor da CSN, mas o processo acabou atrasando o plano de abertura de capital da Casa de Pedra. Steinbruch, no entanto, tem outra justificativa. “O IPO não ocorreu no ano passado porque não era interessante para a CSN. O minério de ferro valorizou 70% no primeiro semestre de 2008. Teríamos perdido dinheiro”, diz. Ele também desdenha dos analistas que prevêem um forte revés nas ações das empresas caso ocorra nova mudança de planos no cronograma da oferta inicial de ações. “Vamos esperar pelo momento certo para o IPO. Ele deve ser entre julho e setembro de 2008.”
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